domingo, 7 de setembro de 2014

Egito – A Civilização Africana do Nilo

 
Esta admirável civilização com mais de 4000 anos é o mais longo experimento humano de civilização (segundo Vercoutter). Detentores de um vasto legado: na religião, arte, ciências, política, economia e organização social, os fundamentos desta civilização africana foram a base das manifestações da civilização ocidental.  As margens dos rios encontramos o berço das civilizações. O grego Heródoto, considerado o patrono da História, dizia: “O Egito é um presente do Nilo”. 

Como foi possível florescer magnifica civilização em uma região de clima inóspito? Entre as respostas uma aponta às águas do Nilo que associada a inventividade humana permitiram em meio ao deserto africano o surgimento de um dos mais importantes impérios do mundo antigo. A existência desta civilização está intimamente ligada ao Rio Nilo e suas cheias periódicas que fertilizavam o solo depositando o húmus, tornando-o propício para o plantio e para o pastoreio. O salto civilizatório do Egito ocorreu quando as técnicas agrícolas foram assimiladas e possibilitaram a fixação dos grupos humanos à terra, da qual passaram a produzir o seu próprio alimento, tornando-se mais independentes e sem a necessidade de deslocamentos constantes em busca (função de coletor) de comida. A medida que as técnicas agrícolas eram aprimoradas como por exemplo a construção de diques, canais de irrigação e a utilização do arado outras habilidades foram desenvolvidas pelos egípcios, entre as quais está a confecção do calendário. A elaboração de um sistema de marcação do tempo foi para atender a uma necessidade prática, pois a fim de produzirem alimentos suficientes para abastecer à população era necessário estabelecer com precisão os períodos ideais para o plantio e a colheita da safra. Assim os egípcios desenvolveram um sofisticado sistema de datação, mesmo sem os modernos equipamentos tecnológicos da atualidade conseguiram elaborar um calendário com 364 dias, dividido em meses, dias e horas que serviu de base para os atuais calendários. A presença do Nilo é tão marcante na vida do Egito que as cheias contribuíram para o desenvolvimento da geometria e da matemática a medida que o alagamento das águas do rio destruía as marcações que separavam as propriedades tornava-se necessário todos os anos efetuar o trabalho de medir e calcular suas dimensões. A partir desta necessidade aprimoram-se os conceitos geométricos de ângulo e área, além das operações aritméticas. 

A escrita proporcionou um segundo salto civilizatório e seu uso contribuiu para demonstrar o aumento da complexidade da sociedade egípcia. Entretanto, segundo estudiosos, o desenvolvimento da escrita deu-se  inicialmente mais pela necessidade de contar (contabilizar) do que para fins culturais. Os símbolos que formavam a escrita eram chamados de hieróglifos utilizados como fonogramas (fonemas) para representar o valor sonoro. Podiam ser lidos tanto da esquerda para a direita quanto o inverso e normalmente pessoas e animais sempre marcavam o início da palavra.  

A história da civilização egípcia é dividida em dois grandes períodos: o pré-dinástico e o dinástico. 
O poder político e religioso estava concentrado na figura do faraó, em vida era considerado a personificação do deus Hórus na Terra. Esta forma de governo é denominada Teocracia. Em tese o faraó era o proprietário de tudo e todos, inclusive dos seus súditos. Comandante máximo do exército, juiz supremo e sumo-sacerdote do Egito, era o elo entre os deuses e os homens. A história política da civilização egípcia inicia-se com as cidades estados conhecidas como nomos e administradas pelos nomarcas (lideres locais). Aos poucos os nomos foram unificados e formaram dois reinos: o Alto Egito (representado pela coroa branca) e o Baixo Egito (representado pela coroa vermelha) cada qual governado por um soberano. Ao unificar as duas coroas Menés tornou o primeiro faraó ou como se dizia na época "o senhor das duas terras" iniciando a formação da primeira dinastia da civilização egípcia. Desta maneira ocorreu a centralização política e administrativa dos nomos ficando os nomarcas subordinados ao poder do faraó, facilitando o controle e organização da mão de obra na execução das obras públicas tais como construção de canais de irrigação, diques, melhoria da agricultura e formação dos exércitos. 

Contudo foi na religião que a civilização africana do Egito notabilizou-se. Constituindo-se em Estado Teocrático cujo representante das divindades na terra era o Faraó. De característica politeísta e antropozoomórfica (humanas e animais) os egípcios acreditavam na vida após a morte. Devido a isto notabilizaram na arte de mumificação, além de elaborado ritual de preparação para a passagem descrito no Livro dos Mortos. De acordo com esta crença, o morto era julgado no Tribunal de Osíris. O coração era pesado e, de acordo com o que havia feito em vida, receberia um julgamento. Para os bons havia uma espécie de paraíso, para os negativos, Ammut devoraria o coração. O sepultamento possuía ritual e procedimentos escritos. As pirâmides foram construidas como os túmulos dos faraós. Abaixo escultura encontrada numa câmara mortuária, representando a barca da travessia. Uma alegoria que simbolizava a passagem para a vida eterna. Durante a cerimônia fúnebre eram feitas orações para o deus sol Rá permitir a admissão do morto na barca solar a fim de atravessar o sombrio caminho do DUAT e participar do ciclo eterno.
 
O coração do morto era pesado no Tribunal de Osíris. 
                
 
A Barca de Rá simboliza a passagem da alma para o eterno  
 


Do alto destas pirâmides.
“Do alto destas pirâmides 40 séculos de história vos contemplam.” Esta frase é atribuída a Napoleão quando esteve em campanha militar no Egito. A arte funerária egípcia contribuiu para uma refinada técnica de construções monumentais. Os túmulos dos faraós eram as pirâmides. As mais famosas são as três que estão em Gizé, mas existem milhares de tumbas funerárias magníficas espalhadas pelo Egito. Ao morrer todos os pertences do faraó eram depositados junto ao corpo. Inclusive seus animais de estimação, alguns escravos e soldados.


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